Diz D. Fernando em sua Primeira Carta Pastoral, publicada no dia 20 de outubro de 2001: - "entre os DESTAQUES PASTORAIS de seu pastoreio estão os ROMEIROS DE JUAZEIRO".
"É impossível não levar em conta, na minha missão de Bispo de Crato, a situação muito especial da cidade de Juazeiro do Norte, que é um importante centro de romaria no Nordeste por causa da memória que o povo cultiva, com muito carinho e devoção, do Padre Cícero Romão Batista, presbítero da nossa Diocese que merece nosso carinho, apesar de tudo o que contra ele aconteceu e se tem escrito. Desejo reforçar os cuidados pastorais em favor dos milhares de irmãos e irmãs, na maioria absoluta, pobres, romeiros de Juazeiro do Norte.
Na homilia da missa do início da minha missão pastoral na Diocese de Crato, acenei um propósito de encorajar e apoiar um novo estudo crítico sobre o Padre Cícero, levando em conta tudo o que acontece em nossa Diocese por causa dele, para que tudo convirja para o fortalecimento da fé, da esperança e da caridade de nosso povo e para a glória de Deus.
A Diocese de Crato, a cidade de Juazeiro do Norte e todo o Vale do Cariri, e não há como negar isto, muito devem a ele em vida e depois de sua morte. Zeloso sacerdote atendeu, fielmente, ao povo e liderou uma devoção toda especial a Nossa Senhora das Dores, padroeira de Juazeiro. Fundou as Conferências Vicentinas e o Apostolado da Oração. Contribuiu muito para a educação do povo. Ele mesmo dava aulas particulares, custeava o estudo de crianças e jovens pobres e ajudava financeiramente na criação de novas escolas. Ele foi pioneiro na campanha pela construção do Seminário do Crato. E na terrível seca de 1877 se destacou na luta para que os poderes públicos atendessem com rapidez e generosidade às vítimas. O povo o tem em alta estima e veneração. Cabe a nós, Igreja, atender, da melhor maneira possível, aos fiéis que têm suas vidas ligadas à Juazeiro e ao Patriarca do Nordeste. Agradeço a todos os sacerdotes, religiosos, religiosas, Ministros da Igreja, lideranças e, ao povo de Juazeiro, que têm se devotado com muito carinho e dedicação, ao serviço evangelizador, catequético e litúrgico dos peregrinos, romeiros e devotos, dando-lhes, ao mesmo tempo, em parceria com as autoridades civis, a necessária infra-estrutura para os dias que ali passam".
A partir da iniciativa da Fundação Padre Ibiapina, foi assinado um convênio firmado em 2010 entre Fecomércio (SESC-SENAC), Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte e Fundação Waldemar Alcântara para a publicação da coleção de manuscritos, inéditos ou não, sobre o Padre Cícero Romão Batista, e outros personagens que, de alguma forma, se envolveram nos fatos acontecidos em Juazeiro do Norte no período compreendido entre 1889 e 1911. O objetivo principal é disponibilizar de forma irrestrita documentos que relatam a história da questão religiosa, política, social e econômica do Juazeiro, do Padre Cícero e demais personagens, para que a verdade dos fatos seja restabelecida, e para que se ampliem o intercâmbio e as consultas aos originais. O projeto desenvolve-se com a publicação do Volume I (“Processo instruído sobre os Factos do Joaseiro” e “Correspondência e documentos diversos”). Assegurada a preservação da memória material e referenciadas as fontes bibliográficas, a preocupação é tornar público e acessível os dois Inquéritos de 1891 e 1892 produzidos pela Igreja do Ceará sobre o sangramento da hóstia, além das cartas e documentos escritos a partir de 1889, relativos aos fatos. Assim como, a publicação do Volume II da “Coleção”, com o sub-título “Política da emancipação”. O Volume II apresenta documentos até 1934, que tratam, principalmente, da entrada de Padre Cícero na política e da independência de Juazeiro e análises sobre os personagens que participaram como protagonistas da cena política em Juazeiro e sua emancipação. Por fim, um vídeo-documentário sobre todo o processo de construção do projeto.