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  • Cronologia dos "Factos do Joaseiro" e a vida de Padre Cícero Romão Baptista
  • Cronologia dos "Factos do Joaseiro" e a vida de Padre Cícero Romão Baptista

  • História resumida de Juazeiro do Norte
  • O município de Juazeiro do Norte localiza-se na região sul do Estado do Ceará, limitando-se com Cariaçu, Barbalha, Missão Velha e Crato. Segundo o censo de 2010 a sua população é de 244.701 hab. Localizada na Região do Cariri, e próxima à Chapada do Araripe, em geosítio do Geopark Araripe (aprovado pela Unesco). A região do Cariri constitui-se de um dos mais importantes centros de desenvolvimentos econômicos das áreas de desenvolvimento da Região Nordeste.

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    Padre Pedro Ferreira de Melo construiu a Capela Nossa Senhora das Dores (dependente da freguesia de Crato) no sítio Joaseiro, na área anteriormente denominada Taboleiro Grande, ao lado da qual se encontrava uma casa grande, um engenho e algumas casas, na sua maioria de taipa. Segundo informações dos historiadores, o povoado de Joaseiro (em razão da existência de rês pés de joaseiros ali existentes que davam sombras aos transeuntes) era um entreposto de vaqueiros e vendedores que percorriam os caminhos especialmente entre Crato e Missão Velha. Padre Cícero ordenado em novembro de 1870, se transfere para Joaseiro em abril de 1872. Aos poucos, com sua determinação e dedicação pessoal e pastoral, o povoado se desenvolve e a população cresce. Em 1889, um acontecimento singular dá início aos denominados "Factos de Joaseiro". Na 1ª sexta-feira de março daquele ano, uma "beata", de nome Maria de Araújo, após receber a comunhão entra em êxtase e a partícula transforma-se em sangue em sua boca. Tal fato se repetirá centenas de vezes durantes os próximos anos, assim como outros fenômenos, considerados muitos como miraculosos e extraordinários, o que, divulgado oralmente pelas pessoas, transformou o vilarejo em ponto de convergência de milhares de peregrinos. Centro de Romarias. Tal situação levou o segundo bispo do Ceará, D. Joaquim José Vieira, a constituir duas comissões de inquéritos para averiguar os fatos. Ambas, com resultados distintos (a primeira a favor) condicionaram padres e leigos no jogo da história daquela comunidade. Padre Cícero e Maria de Araújo se viram no meio de um redemoinho de decisões prós e contra suas atitudes e vidas. Silêncio obsequioso, anonimato, proibição de exercer o ministério sacerdotal, e outras mais, foram as ordens disciplinares oriundas de Fortaleza e do Vaticano.

    A partir de 1908 deu-se início à luta pela emancipação política de Joaseiro em relação ao município de Crato. A vila cresceu, o processo migratório e as forças políticas no Estado pressionavam por uma tomada de posição mais clara nesse conflito Crato x Joaseiro. Em 1911, Joaseiro declarou sua emancipação, sendo o Padre Cícero Romão Baptista o seu primeiro prefeito, permanecendo até 1925.

    Em razão de conflitos com o Presidente do Estado, Franco Rabelo, apoiando Nogueira Acioly na denominada "Guerra de 1914", Joaseiro teve participação ativa, principalmente devido a presença e iniciativa de Floro Bartolomeu que comandou a defesa do município e o contra-ataque à capital do estado. Padre Cícero foi acusado de fomentar essa guerra e em declaração escrita do próprio punho, assim como no seu testamento afirma que não tomou parte na mesma a não ser na tentativa de conciliação e depois na defesa da vida dos "joaseiserenses". Por fim, o padre só acede e autoriza o combate devido ao cerco que as tropas da polícia rabelista impõem ao Juazeiro, assim como às violências perpetradas por essas tropas contra romeiros na Cerca de Pedra e a ameaça iminente de invasão à cidade pelo comandante das tropas, o Cel. Alípio Lopes, que afirmou - a exemplo do que se fizera muito recentemente em Canudos - que invadiria, "por[ia] querosene e tocar[ia] fogo no covil". Diante da inevitabilidade da guerra, as prédicas de padre Cícero aos combatentes do Juazeiro (dentre estes, sem dúvida, jagunços e "cabras" dos coronéis aciolistas) são marcadas pela ética cristã e por zelo contra qualquer outra violência desnecessária: "sigam meus conselhos: não bebam cachaça, não persigam de maneira nenhuma os fugitivos... não tirem o alheio... não procurem destruir as casas e muito menos matar pessoas fora do combate".

    Criação, a 21 de janeiro de 1917, da nova Paróquia de Nossa Senhora das Dores, desmembrada da Matriz do Crato. Naquele mesmo ano, por orientação de Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, primeiro bispo de Crato e muito conhecido de Padre Cícero, foram realizadas missões por padres lazaristas no mês de dezembro. Após 1934, ano da morte de Padre Cícero, as romarias a Juazeiro do Norte se intensificaram e a cidade cresceu populacional e economicamente. Percebe-se que nas últimas décadas há um número maior de empresas e instituições de ensino superior.


    Atualmente, Juazeiro do Norte possui oito paróquias como a seguir se pode ver:

    1. São Francisco das Chagas
    Criação da Paróquia: 20/10/1975, desmembrada de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora de Lourdes
    1º vigário: Fr. Vicente Luis dos Santos

    2. São João Bosco
    Criação da Paróquia: 09/04/1999;
    1º Administrador paroquial: Pe. Vileci Basílio Vidal.

    3. N. Sra. de Lourdes
    Criação da Paróquia: 01/05/1958, desmembrada de N. Sra. das Dores e Missão Velha;
    1º vigário: Pe. José Onofre de Alencar.

    4. N. Sra. das Dores
    Criação da Paróquia: 20/01/1917, desmembrada de Crato, Barbalha, Missão Velha e Caririaçu;
    1º pároco: Pe. Pedro Esmeraldo da Silva (20/01/1917-16/09/1921).
    Santuário Diocesano em 31/01/2003 – 1º Reitor: Mons. Francisco Murilo de Sá Barreto
    Basílica Menor em 15/09/2008 – 1º Administrador: Pe. Paulo Lemos Pereira

    5. Sagrado Coração de Jesus
    Criação da Paróquia: 20/10/1975, desmembrada de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora de Lourdes;
    Primeiro Pároco: Pe. José Onofre de Alencar

    6. Menino Jesus de Praga
    Criação da Paróquia: 20/10/1989, desmembrada de São Francisco das Chagas;
    Primeiro Pároco: Pe. José Alves de Oliveira.

    7. N. Sra. Aparecida
    Criação da Paróquia: 12/12/1995, desmembrada de São Francisco das Chagas e Sagrado Coração de Jesus;
    Primeiro Pároco: Pe. Vileci Basílio Vidal.

    8. São José do Limoeiro
    Criação da Paróquia: 19/03/2003, desmembrada de São Francisco das Chagas, Menino Jesus de Praga e N. Sra. Aparecida;
    Primeiro Pároco: Pe. Carlos Alberto Siqueira do Nascimento.



  • Juazeiro – Oração e trabalho
  • Beato José Lourenço Gomes da Silva
  • Conhecido como beato José Lourenço, (Pilões de Dentro, 1872 — Exu, 12 de fevereiro de 1946) foi o líder da Comunidade do Caldeirão, em Crato - CE.

  • Beata Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo
  • Conhecida como Beata Maria de Araújo, (Juazeiro do Norte, 23 de maio de 1863 — 17 de janeiro de 1914), figura central dos denominados "Factos de Joaseiro" (1889-1892) nos quais houve a transformação das hóstias por ela recebidas em sangue e outros fenômenos místicos. - (a outra foto) Romeiros próximos à casa de Padre Cícero acompanham um dos momentos de suas orações e encontros.

    “Oração e trabalho” - tão representativos do “mundo beato”, segundo o monge beneditino D. Mateus Ramalho Rocha, foi um aprendizado feito pelo estudante de Direito José Pereira Ibiapina, durante suas leituras das Regras de São Bento, quando vivia no Mosteiro de São Bento onde funcionou no início a Faculdade de Direito, que só posteriormente se transferiu para Recife. Segundo D. Mateus, “orar e trabalhar” foi a forma encontrada por São Bento para unir teoria e prática cristãs, para o aperfeiçoamento do ser humano, associando a luta pela sobrevivência e a busca da salvação pelos caminhos do Evangelho. Este binômio tinha tanta importância para seu criador, que foi demarcado tempo para trabalho e para leitura e oração, como elementos essenciais da formação do monge. A obediência, elemento tão caro à hierarquia da Igreja, foi também privilegiada na “Ordem Beneditina”, onde a hierarquia é drasticamente respeitada, constando das Regras, juntamente com oração e trabalho.  Na organização da “Irmandade dos Beatos”, não estabelecendo poder hierárquico entre seus membros, Ibiapina, que afirma na carta de despedida do Ceará (16/09/1872) “não almejar honras de Instituidor”, vincula a obediência irrestrita dos cristãos aos “Mandamentos da Lei de Deus”.

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    Cícero Romão Batista, sertanejo dos Cariris Novos, é filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana (Dona Quinô). Seu Joaquim era seguidor do Padre Mestre Ibiapina, que na década de 1860 missionava o sul do Ceará. Cícero acompanha com o pai as prédicas de Ibiapina, e vê a abnegação do missionário no combate à epidemia do cólera que, se alastrando pelo sertão, leva seu professor Padre João Marrocos e seu pai, este nos braços de Ibiapina. Consolando sua dor, Cícero se concentra no exemplo de Ibiapina, desejando ser um padre como ele.
    Voltando ao Crato em 1871, já ordenado sacerdote, Cícero se dedica às aulas que ministra no Colégio Venerável Ibiapina, fundado pelo Professor José Joaquim Teles Marrocos, e à celebração de missas nas igrejas da região.
    Transferindo-se para o Juazeiro em 1872, Padre Cícero opta pela militância missionária fixando-se num único lugar, ao contrário da peregrinação missionária de Ibiapina e seus seguidores. Radicando-se no Joaseiro, lugarejo distrito do Crato, o novo padre desenvolverá práticas de devoção, jejuns e atendimento aos seus paroquianos, pugnando por mudanças de costumes, fortalecendo a devoção a Nossa Senhora das Dores e a dedicação ao trabalho, condenando hábitos de bebedeiras e festas profanas. Sua extrema dedicação ao atendimento religioso e sua caridade com o próximo vão-lhe granjeando respeito e obediência dos paroquianos.

    Ao final da vida, relatando um sonho em que Jesus lhe ordenava a fixação em Juazeiro para proteger os infelizes e miseráveis sertanejos, com os poderes de Nossa Senhora das Dores, o Padre traçara a irreversibilidade de sua missão na Terra da Mãe de Deus. A esta entrega corresponde forte movimento de mal aventurados que o procuram para resolver todo e qualquer problema, de pobreza, violência, fome, doença, terra para trabalhar e moradia. A todos o Padre procura ajudar, no mínimo com bons conselhos como deixar o mundo do crime e se entregar ao trabalho e às orações. O Ofício de Nossa Senhora e o Rosário da Mãe de Deus, devoções e recomendações de Ibiapina, têm lugar de destaque em suas pregações. Juazeiro já tem romarias quando, na primeira sexta feira de março de 1889, ao dar a comunhão à beata Maria de Araujo, acontece o fenômeno da transformação da hóstia em sangue. Condenado o fenômeno pela hierarquia da Igreja como manifestação do demônio, o Padre convive ao mesmo tempo com a perseguição da Igreja, o assédio dos políticos e a veneração de crescente número de adeptos, constituindo-se em torno de si a mitificação de santidade por seus romeiros, e de personalidade do mal por seus opositores.
    Aproveitando o prestígio político, Padre Cícero desenvolveu intensa atividade de assentamento de retirantes em terras públicas e não utilizadas, além das que comprava com as ofertas a ele destinadas pelos romeiros, entregando glebas aos flagelados e despossuídos que buscavam sua proteção. Por este processo transformou o sul do Ceará numa economia de médios e pequenos proprietários, enquanto incentivou, até economicamente a policultura, exceção num país de regiões de monocultura. Aproveitando a fé de seus seguidores, estimulou muitos artistas na arte da imagética, transformando o Juazeiro, centro de romarias, em cidade do artesanato de imagens em gesso, madeira e ourivesaria. Viajava-se de todo o Nordeste para “a terra do Meu Padrim”, lá comprando rosários com a as imagens de Nossa Senhora das Dores e padre Cícero, estátuas e medalhas de santo, enquanto se cumpria promessa a Nossa Senhora das Dores e ao Santo do Juazeiro. Muito cioso da força dos evangelhos, pregava ou conversava com os romeiros, depois da suspensão de suas ordens sacerdotais, com toda fé na força transformadora dos homens em “filhos de Deus”, pela palavra e exemplos do evangelho.

    Sua crença no binômio trabalho-oração é mais explícita no apoio dado às práticas do beato José Lourenço, assentando-o com seu povo primeiro na Baixa Danta e depois no Caldeirão, favorecendo a mais duradoura experiência de uma vida beata no Brasil. A itinerância missionária de Antônio Conselheiro se transformou em experiência de uma comunidade beata de apenas quatro anos, e assim mesmo sob contínua perseguição, até os bombardeios e o extermínio. O Belo Monte se inicia em 1893 e é exterminado tragicamente, em 1897.  O beato José Lourenço, por sua vez, sob a proteção do Padre Cícero, demonstrou em um quarto de século de paz, oração e trabalho, ser possível a construção dum mundo sem a violência da dominação com seus efeitos de prostituição, fome, orfandade, exploração, lutas de cobiça, guerra entre famílias e entre poderosos, calúnias e todos os malefícios advindos da desobediência aos Mandamentos da Lei de Deus.
    A prática pastoral vivida pelo Padre Cícero não se diferencia daquela de Ibiapina apenas pelo critério de peregrinação ou sedentarismo. Várias características sedimentam essas diferenças. Em primeiro lugar, Padre Cícero não teve a originalidade e o arrojo de Ibiapina que pautou o comportamento, a partir de sua ordenação em 1853, pela determinação de “implantar” uma nova forma de se viver o evangelho, de ser religioso, disseminando-a por cinco Estados nordestinos. Sua ação exerceu uma revolução de costumes, a criação de uma nova concepção de mundo. O Padre Cícero foi um divulgador e um seguidor dessa missão, porém dentro das condições históricas de sua própria realidade e de sua formação como padre, isto é, segundo as peculiaridades de seu tempo, e a partir de reflexões sobre os efeitos sociais da Guerra de Canudos e das perseguições da Igreja aos beatos. Por isto, mesmo amparando-os, não construiu nada equivalente às Casas de Caridade, pontos de concentração de atividades e de formação das beatas, locais para onde convergiam os beatos para entregar o produto de suas roças e as esmolas arrecadadas, essenciais à subsistência das mesmas.
    Como outra importante diferença entre as práticas pastorais dos dois ícones do mundo beato, Ibiapina rompe com o poder da política para exercer a justiça através de revolucionária prática pastoral, enquanto Padre Cícero, após as perseguições da Igreja, entra na política partidária para, através do poder político, advindo da massa eleitoral constituída por seus romeiros, fazer justiça social, como a desapropriação das terras da Chapada do Araripe, em favor de milhares de mal aventurados.

     

  • As romarias na vida de Juazeiro do Norte
  • Pode-se destacar, por fim, os ciclos de peregrinações:

    - Romaria de Nossa Senhora das Candeias – 01 e 02 de fevereiro;
    - Festa do nascimento de Padre Cícero – 24 de março;
    - Semana Santa;
    - Romaria da morte de Padre Cícero – 20 de julho;
    - Romaria de Nossa Senhora das Dores – 01 a 15 de setembro;
    - Romaria de Finados – 30 de outubro a 02 de novembro.

    Os maiores pontos de romarias são:

    - Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores; 
    - Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro; 
    - Casa-Museu Padre Cícero; 
    - Memorial Padre Cícero; 
    - Horto; 
    - Paróquia Sagrado Coração de Jesus; 
    - Paróquia São Miguel; 
    - Paróquia São Francisco.

     

  • Bibliografia
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  • Os passos dos romeiros
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  • Segundo a Secretaria das Cidades do Estado do Ceará, o "Roteiro da Fé" é um Projeto de Qualificação Urbana do caminho percorrido pelos romeiros aliando a ele uma qualificação dos espaços públicos da área cntral da cidade de Juazeiro do Norte. Tal projeto está inserido na área de maior interesse de Juazeiro, englobando o núcleo de sua formação histórica, as principais áreas de comércio, serviços, instituições de interesse, e os monumentos religiosos. No centro encontram-se os monumentos religiosos e espaços mais visitados durante as romarias: a Basílica Nossa Senhora das Dores, Igreja Nossa Senhora do Socorro, Igreja dos Salesianos, Santuário dos Franciscanos, Memorial Pe. Cícero, Museu Pe. Cícero além de ranchos, pousadas, mercado, etc. "O projeto tem grande impacto para o desenvolvimento do potencial turístico da região, agregando às romarias a infra-estrutura necessária para atrair novos fieis e possibilitando um crescimento saudável da mesma, minimizando os problemas e conflitos gerados à cidade". Ao atingir romeiros e residentes o Projeto Roteiro da Fé envolve todos aqueles que vivem de e em torno da cidade de Juazeiro e têm essas igrejas como referenciais em alguns momentos de suas vidas.